Marlene Zanghelini Altini [1]

 

RESUMO:

 

Atualmente a Contabilidade tem deixado de ser apenas uma mera geradora de guias de impostos e de folha de pagamento, para estar diretamente ligada a empresa, e também aos bens e serviços por ela produzidos. Por isto que cada vez mais, a Contabilidade de Custos, ramo especifico da Contabilidade, tem ganhado mais força nos últimos anos, de forma que os resultados obtidos auxiliam nas diversas decisões a serem tomadas pelas instituições, como novos investimentos em maquinários, produtos, ampliação da área industrial, entre outros. Assim, muito mais do que atender as exigências do fisco, a Contabilidade passou a atuar dentro das empresas, buscando suas necessidades, traduzindo isto em ?números? e ??resultados? capazes de decidir e de dirigir o caminho que a empresa irá percorrer.

 

 

Palavras ? chaves: Contabilidade. Resultados. Empresas. Necessidades.

 

1 INTRODUÇÃO

A Contabilidade de Custos desenvolve um papel importante dentro das organizações. É através dela que tem-se um controle maior sobre os valores atribuídos aos estoques de produtos, identificando, mensurando e informando os custos dos produtos ou serviços.

Mas devido ao grande crescimento das empresas, a Contabilidade de Custos, além de trabalhar diretamente com o estoque de produtos, fornece informações para a área gerencial das organizações, passando a ser utilizada no planejamento e controle de custos e também nas tomadas de decisões, com base nos dados fornecidos pela contabilidade.

Dentro da Contabilidade de Custos, existem várias terminologias e conceitos, havendo a necessidade principal de separar o que é custo e despesas dentro de uma empresa, para que, desta forma, possa-se apropriar os custos diretamente aos produtos, já que os custos são todos os gastos relacionados com a transformação de ativos, ou seja, é tudo aquilo que utiliza-se diretamente ou indiretamente para produzir determinado bem, como por exemplo, a matéria ? prima, o pagamento de salários dos funcionários da produção, etc., e as despesas são todos os gastos que reduzem o patrimônio da empresa, ou seja, é todo gasto que não está ligado diretamente com a área produtiva da empresa, como exemplo: a energia elétrica do prédio da área administrativa, o pagamento de salário dos funcionários da área administrativa, etc.

Portanto, existem vários ?tipos de custos? a serem analisados dentro de uma empresa, entre eles destacam-se os custos diretos, os custos indiretos, os custos fixos, os custos variáveis, os custos de transformação, os custos primários, os materiais diretos, e os materiais indiretos.

Entretanto, este artigo tem como objetivo relatar sobre os materiais diretos, e suas principais funções.

 

2 MATERIAIS DIRETOS

De acordo com Crepaldi (1999, p. 41), o material direto, é o custo de qualquer material que pode ser diretamente identificado no produto, de forma que faz parte dele. As matérias-primas, os componentes adquiridos prontos, as embalagens e outros materiais usados na produção são apropriados aos produtos por seu valor de compra.

2.1 TIPO DE MATERIAL DIRETO

A matéria – prima é o principal material que compõem o produto final, sendo que ela sofre a transformação no processo de fabricação, e é o material mais utilizado na produção.

As matérias ? primas em estoque são aplicadas no produto, e ao serem transferidas do estoque para a produção, transformam-se em custos de produção, como exemplo: o tecido na fabricação de roupas, a madeira na fabricação de mesas, etc. (CREPALDI. 1999, p. 42).

O material secundário é todo o material direto, mas que tem função secundária, ou seja, não é o componente básico na composição do produto, mas pode ser identificado nele, exemplo: parafusos, botão de roupas, etc.

2.2 CUSTO DO MATERIAL DIRETO ADQUIRIDO

O custo do material são todos os gastos necessários para tornar o material direto disponível para o uso na produção, e que fazem parte do seu custo.

Segundo Crepaldi (1999, p. 42), quando a empresa adquire um material direto, a ser usado na fabricação de um produto os impostos como IPI e ICMS, se forem recuperáveis, serão deduzidos do valor total da nota fiscal de compra, caso contrário, farão parte do custo do material. Exemplo: na compra de 10.000 Kg de matéria ? prima, os dados da nota fiscal são: total da nota fiscal R$ 308.000,00; fretes e seguro R$ 10.000,00; valor do IPI R$ 28.000,00 e valor do ICMS R$ 50.000,00. Se o IPI e ICMS são recuperáveis, o valor do material seria: o total da nota fiscal diminuindo-se o IPI e ICMS e somando-se o frete e o seguro, onde teria um custo de material de R$ 240.000,00, mas se acaso somente o IPI não fosse recuperável, o valor do material seria: o total da nota fiscal diminuindo-se o ICMS e somando-se o frete e o seguro, restando o valor de custo de material de R$ 268.000,00. O mesmo procedimento acontece com a compra de material secundário e embalagens.

2.3 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DOS ESTOQUES

O método de avaliação de estoques envolve principalmente, procedimentos necessários ao registro da movimentação dos estoques. Os métodos de avaliação de estoques têm por objetivo separar o custo dos produtos, entre o que foi vendido e o que permaneceu em estoque. As entradas no estoque de determinada matéria ? prima influenciam no valor das saídas desse estoque, base para o custo do material direto aplicado na produção.

Para atribuir custos ao material consumido tem-se alguns métodos de avaliação de estoques, sendo eles: o Peps, que é o primeiro a entrar e primeiro a sair; o Custo Médio e o Ueps, que é o último a entrar e primeiro a sair.

A seguir, conforme Crepaldi (1999, p. 45) apresenta-se os três métodos de avaliação dos estoques.

2.3.1 CUSTO MÉDIO OU MÉDIA PONDERADA

De acordo com Crepaldi (1999, p. 45), custo médio ou média ponderada é o mais utilizado, e aceito atualmente pelo fisco na contabilização dos estoques, onde calcula-se a cada entrada o novo custo dos produtos em estoque, dividindo o custo total pela quantidade total. Exemplo:

Entrada do dia 1: 100 unidades a R$ 10,00 reais = R$ 1.000,00

Entrada do dia 10: 100 unidades a R$ 20,00 reais = R$ 2.000,00

Total de =                                                                    R$ 3.000,00

Dividindo R$ 3.000,00 reais por 200 unidades, tem-se um custo médio de R$ 15,00 por unidade. Desta forma o custo das saídas seria: 50 unidades a R$ 15,00 reais, totalizando R$ 750,00 reais.

A tabela a seguir, de avaliação de estoques de matérias – primas, conforme Crepaldi (1999, p.46), procura evidenciar cada método de avaliação de estoque, iniciando-se primeiramente com o custo médio ponderado móvel e o custo médio ponderado fixo.

Data

Quantidade Kg

Preço Unitário

Total

Consumo Kg

03

1.500

10

15.000,00

08

2.500

12

30.000,00

12

1.500

25

1.000

13

13.000,00

00

2.000

Tabela 01 ? Avaliação de estoques de matérias primas.

Fonte: Crepaldi (1999, p. 46).

 

Custo médio ponderado móvel: Para Crepaldi (1999, p. 46), é assim chamado, aquele mantido por empresa com controle constante de seus estoques e que atualiza seu preço médio após cada compra. Seguindo a tabela acima tem-se:

COMPRAS

CONSUMO

SALDO

DDATA

QDADE

KG

PREÇO UNITÁRIO

TOTAL

CUSTO MÉDIO

QDADE

 

VALOR

KG

VALOR

03

1.500

10

15.000

10,00

1.500

15.000,00

08

2.500

12

30.000

11,25

4.000

45.000,00

12

11,25

1.500

16.875,00

2.500

28.125,00

25

1.000

13

13.000

11,75

3.500

41.125,00

30

11,75

2.000

23.500,00

1.500

17.625,00

 

58.000

 

 

40.375,00

 

17.625,00

Tabela 02 ? Custo médio ponderado móvel.

Fonte: Crepaldi (1999, p. 46)

Nota-se nesta tabela, que cada entrada por custo diferente do custo médio anterior altera este custo médio, e que cada saída, mesmo sem alterar o custo médio, altera o fator de ponderação.

Custo médio ponderado fixo: segundo Crepaldi (1999, p. 46), é utilizado quando a empresa calcula o preço médio apenas após o encerramento do período ou quando decide apropriar a todos os produtos elaborados no exercício ou mês um único preço por unidade. Seguindo a tabela 01 tem-se:

COMPRAS

CONSUMO

SALDO

DDATA

QDADE

KG

PREÇO UNITÁRIO

TOTAL

CUSTO MÉDIO

QDADE

 

VALOR

KG

VALOR

03

1.500

10

15.000

10,00

1.500

15.000,00

08

2.500

12

30.000

11,25

4.000

45.000,00

25

1.000

13

13.000

11,60

5.000

58.000,00

30

11,60

3.500

40.600,00

1.500

17.400,00

 

58.000  

 

40.600,00   17.400,00

Tabela 03 ? Custo médio ponderado fixo

Fonte: Crepaldi (1999, p. 46)

Segundo este método, os materiais consumidos são baixados ao custo médio do final do mês, mesmo que tenham sido consumidos em vários dias do mês, porque o lançamento de baixa é feito unicamente durante todo o mês.

2.3.2 FIFO OU PEPS ? PRIMEIRO A ENTRAR, PRIMEIRO A SAIR

Nesse sistema, as saídas do estoque obedecem ao critério de que os primeiros produtos a sairem recebem o custo das primeiras entradas no estoque, da seguinte forma:

Entrada do dia 1: 100 unidades a R$ 10,00 reais

Entrada dia 10: 100 unidades a R$ 20,00 reais

Se houver uma saída no dia 15 de 50 unidades, o custo utilizado será o da primeira entrada, ficando desta forma: 50 unidades a R$ 10,00 reais, totalizando R$ 500,00 reais.

De acordo com a tabela 01, conforme Crepaldi (1999,0 p. 47) pode-se demonstrar este método:

COMPRAS

CONSUMO

SALDO

DATA

KG

PREÇO UNITÁRIO

TOTAL

KKG

PREÇUNITÁ

TOTAL

KG

PREÇO UNITÁRIO

TOTAL

03

1.500

10,00

15.000,00

1.500

10,00

15.000,00

08

2.500

12,00

30.000,00

1.500

10,00

15.000,00

2.500

12,00

30.000,00

12

1.500

10,00

15.000,00

2.500

12,00

30.000,00

25

1.000

13,00

13.000,00

2.500

12,00

30.000,00

1.000

13,00

13.000,00

30

2.000

12,00

24.000,0

500

12,00

6.000,00

1.000

13,00

13.000,00

 

58.000,00

 

 

39.000,00

 

 

19.000,00

Tabela 04: Fifo ou Peps.

Fonte: Crepaldi (1999, p. 47).

Por esse método, as matérias primas são baixadas do estoque pelo preço mais antigo, e os que permanecem no estoque são avaliados pelo custo mais recente. A avaliação pelo Peps faz com que os estoques sejam valorizados a custos mais altos, fazendo com que o lucro seja maior, e consequentemente as obrigações fiscais (impostos de renda) também serão maiores.

2.3.3 LIFO OU UEPS ? ÚLTIMO A ENTRAR, PRIMEIRO A SAIR

Esse método indica que as saídas deverão ser custeadas ao valor das últimas entradas. Exemplo:

Entrada do dia 1: 100 unidades a R$ 10,00 reais

Entrada dia 10: 100 unidades a R$ 20,00 reais

Se houver uma saída no dia 15 de 50 unidades, o custo utilizado será o da última entrada, ficando desta forma: 50 unidades a R$ 20,00 reais, totalizando R$ 1.000,00 reais.

Seguindo a tabela 01 tem-se a demonstração conforme Crepaldi (1999, p. 47):

COMPRAS

CONSUMO

SALDO

DDATA 

KG

PREÇO UNITÁRIO

TOTAL

KG

PREÇO UNITÁRIO

TOTAL

KG

PREÇO UNITÁRIO

TOTAL

03

1.500

10,00

15.000,00

1.500

10,00

15.000,00

08

2.500

12,00

30.000,00

1.500

10,00

15.000,00

2.500

12,00

30.000,00

12

1.500

12,00

18.000,00

1.500

10,00

15.000,00

1.000

12,00

12.000,00

25

1.000

13,00

13.000,00

1.500

10,00

15.000,00

1.000

12,00

12.000,00

1.000

13,00

13.000,00

30

1.000

13,00

13.000,00

1.000

12,00

12.000,00

1.500

10,00

15.000,00

 

58.000,00

 

 

43.000,00

 

 

15.000,00

Tabela 05: Lifo ou Ueps.

Fonte: Crepaldi (1999, p. 47).

Este método apresenta estoques por valores mais reduzidos e custos dos produtos vendidos mais elevados.

Com a adoção do Ueps, há tendência de se apropriar custos mais recentes aos produtos feitos, o que provoca normalmente redução do lucro contábil. Provavelmente por esta razão, essa forma de apropriação, apesar de aceito pelos princípios contábeis, não é admitida pelo Imposto de Renda Brasileiro.

2.4 TRATAMENTO CONTÁBIL DAS PERDAS DE MATERIAIS

Muitas vezes no decorrer do processo produtivo ocorrem perdas de materiais, principalmente de matérias ? primas. Desta forma, precisa-se primeiramente diferenciar perdas normais de perdas anormais.

Para Martins (2003, p. 122), as perdas normais são aquelas que fazem parte do próprio processo produtivo, são previsíveis e fazem parte das expectativas da empresa, que podem ocorrer, por exemplo, por problemas de corte, tratamento térmico, etc., sendo que integram o custo do produto. Já por sua vez, as perdas anormais, são aqueles que acontecem de forma involuntária, como é o caso de danificação de materiais por incêndio, desabamento, etc., e que não integram o custo do produto, sendo consideradas como perdas.

2.5 TRATAMENTO CONTÁBIL DOS SUBPROTUDOS E DAS SUCATAS

Geralmente, os materiais não aproveitados trazem algum tipo de recuperação à empresa, através da venda. Surge, porém os subprodutos e as sucatas.

De acordo com Martins (2003, p. 122), os subprodutos são itens que nascem de forma normal no decorrer do processo produtivo, e que possuem um mercado para venda estável. São itens que tem comercialização como se fossem produtos da empresa. Estas vendas, porém, tem pouca participação na receita da empresa. Eles são considerados como ?produto secundário?, em relação ao produto principal.

As sucatas, ou resíduos, são produtos que surgem da produção em estado normal ou com defeitos, e não tem mercado garantido para sua comercialização (venda), sendo bastante incerta, não podendo estabelecer se a venda acontecerá ou não.

3 CONCLUSÃO

A Contabilidade, atualmente, por estar diretamente dentro da empresa, apura resultados antes não ?conhecidos? por elas, como a formação do preço de custo dos seus produtos, sendo cada vez mais exigido e acompanhado pelo fisco, a questão e tratamento dos custos das empresas.

Mas muito além de atender as exigências fiscais, é importante a empresa identificar e mensurar seus custos, para verificar o que consegue reduzir ou melhorar em relação a isto, trazendo custo-benefício também para os clientes e para a própria empresa.

Portanto através da pesquisa realizada, objetivou-se o conhecimento teórico voltado para a avaliação dos estoques dos produtos e os materiais diretos envolvidos no processo produtivo, identificando também que sem um  acompanhamento direto dos envolvidos nesta ?força tarefa? fica difícil encontrar soluções, tomar decisões e realizar investimentos, sem ter informações confiáveis que possam auxiliar nesta difícil tarefa de TOMADA DE DECISÃO.

4 REFERÊNCIAS

CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso Básico de Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 1999.

FAGUNDES, Jair Antônio. http//:. Acessado em 24 de Abril de 2008 às 23h38min.

MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 2003

NEVES, Silvério D. VICECONTI, Paulo E. V. Contabilidade de Custos ? Um Enfoque Direto e Objetivo. São Paulo: Frase, 2003.


[1] Bacharel em Ciências Contábeis e estudante de Pós – Graduação do Curso de Gestão Financeira e de Custos da Uniasselvi/Fameg e integrante da equipe  Piazera, Hertel, Manske & Pacher Advogados Associados.

E-mail: financeiro@phmp.com.br

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