A prática do trabalho remoto, tem seus primeiros registros, conforme o site Portal Iso.com, em 1857 nos Estados Unidos, na realização dos trabalhos com telégrafos, que enviavam e recebiam mensagens em qualquer horário do dia, desde que munidos de uma estrutura capaz de realizar tais operações. Mas foi apenas em 1970 que ouviu-se o termo teletrabalho, que é o trabalho realizado fora das dependências da empresa, ou seja, na sua grande maioria é realizado no domicílio dos colaboradores das organizações, com estrutura adequada para este fim.

Com o passar dos anos e o avanço das tecnologias, esta sistemática de trabalho, também conhecida como Home Office, veio ganhando espaço no mercado e se consolidando com as novas regras definidas pela Reforma Trabalhista em 2017, onde foi inserido na Legislação novos regramentos a respeito do trabalho realizado no domicílio do colaborador ou à distância.

Porém, foi recentemente que esta prática ganhou ainda mais forças, devido a Pandemia que a sociedade sofre atualmente com o temido Coronavírus, onde viu-se que o isolamento social contribuiria para evitar o contágio em massa, “limitando” a circulação de pessoas nas ruas e “obrigando” assim, os trabalhadores a adotarem um jeito “novo” (e pelo jeito nem tão novo assim), de realizarem suas atividades laborais do conforto da sua casa!

De acordo com Priscilla Bencke (2020), foi realizado uma pesquisa da consultoria Betania Tanure Associados (BTA), onde constatou-se que no mês de Abril, 43% das empresas no Brasil atualmente estão com os colaboradores trabalhando de casa nesta fase da Pandemia do Coronavírus.

Isto, de certa forma, vem preocupando os especialistas e também as organizações quanto aos efeitos psicológicos do isolamento social nos colaboradores, bem como, a pressão muitas vezes demasiada exercida pelos superiores por resultados e a própria reorganização e cobrança familiar no dia – a – dia de trabalho, onde neste contexto de incertezas e medos, tenta-se estabelecer uma rotina de fluxo de trabalho em meio a filhos, companheiros(as), tarefas da casa e a própria rotina do trabalho a ser realizado, tentando evitar que isso influencie nos resultados almejados.

Priscila Bencke (2020), especialista em neurociência aplicada à arquitetura da Qualidade Corporativa, descreve ainda que:

No mês de abril/2020, a revista científica The Lancet, publicou uma revisão de artigos e estudos sobre os efeitos psicológicos da quarentena durante a epidemia da SARS (Síndrome Respiratória Aguda), em 2002. O levantamento apontou que 29% das pessoas apresentaram estresse pós-traumático (TEPT) e 31% tiveram depressão após o isolamento. “Precisamos ter consciência de que somos impactados pelos ambientes que frequentamos, principalmente, por meio dos nossos sentidos. Consequentemente isso vai influenciar no nosso comportamento. Podemos, por exemplo, criar sensações agradáveis por meio da decoração, para que as pessoas da nossa casa sintam-se acolhidas nesses ambientes, bem como usar um aromatizador relacionado com a natureza, pisar na grama e ouvir músicas que te façam sentir mais calmo” […]. Um dos problemas também, é não se atentar ainda aos limites físicos, como os de postura, e até mesmo psíquicos, transformando o excesso de trabalho em estresse, bem como muitas horas na mesma posição”, alerta Priscila. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 40% das dores lombares resultam em problemas mais sérios causando incapacidade funcional e diminuição da produtividade. Apesar de ser um home office temporário – para muitos – é fundamental alguns cuidados. “O ideal para um ambiente de trabalho home office é escolher cadeiras que possuem pelo menos três funções básicas: regulagens de alturas do assento e do braço, além de encosto com o apoio para a lombar. Caso a pessoa não tenha esse tipo de cadeira em casa ela pode escolher um assento que permita encostar a lombar na cadeira e deixar a coluna reta. E, de preferência, que tenha apoio para os braços” […]. Outra dica é para a maioria dos profissionais que trabalha em casa e utiliza o notebook. “Muitas horas de trabalho podem causar desconfortos físicos. Para evitar que esses problemas influenciem na qualidade de vida acrescente um suporte para notebook com mouse e teclado externo. Dessa forma, vai ser possível trabalhar numa postura adequada sem queixas e com mais produtividade. Quem não tem o suporte para notebook pode utilizar temporariamente livros para criar uma altura que deixe o notebook na direção dos olhos, permitindo uma postura correta”, aconselha Priscilla.

Marcílio de Moraes (2020) contribui também relatando que, com milhares de pessoas trabalhando de casa, as empresas estão cada vez mais preocupadas com a saúde mental de seus colaboradores e estão adotando medidas para evitar transtornos e distúrbios psíquicos devido a quarentena e isolamento social vivenciados.

Algumas organizações já estão agindo de forma preventiva, para evitar danos com o aumento da ansiedade e depressão que estas mudanças estão provocando, disponibilizando atendimentos psicológicos com profissionais de forma online, atendimento à saúde física e financeira e atendimento jurídico para os colaboradores e seus dependentes, sendo que muitas delas ainda promovem Webinars motivacionais (seminários online), canais internos de bate papos via WhatsApp ou lives, com o intuito de interação social e de formar uma rede de apoio, sendo que o mais importante segundo especialistas, é as pessoas terem a disposição um canal aberto e confiável para “trabalharem” seus medos e incertezas.

Portanto, as consequências psicológicas do confinamento, das mudanças bruscas na rotina diária de trabalho e do caos econômico instalado, pode deixar consequências severas para a saúde psíquica do colaborador, como solidão, preocupação extrema com a saúde, estresse, diminuição da produtividade, desmotivação, e inclusive redução de performance e resultados. Por isso, a organização precisa estar ainda mais atenta as suas lideranças e liderados, com um departamento de gestão de pessoas pró – ativo e preocupado com o bem-estar de seus colaboradores, proporcionando diferentes “caminhos” na busca constante pela conservação da saúde física e psíquica.

REFERÊNCIAS:

Disponível em: https://homeoffice.portaliso.com/historia-do-home-office/. A História do Home Office. Acesso em 27.05.2020.

Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-do-trabalho/o-teletrabalho-na-reforma-trabalhista-suas-vantagens-e-desvantagens/. O Teletrabalho na Reforma Trabalhista: Suas Vantagens e Desvantagens. Kleverson Glauber Figueiredo de Paula Júnior. Acesso em 27.05.2020.

Disponível em: https://saudebusiness.com/profissionais/coronavirus-x-home-office-o-impacto-do-ambiente-no-cerebro/. Coronavírus x home office: o impacto do ambiente no cérebro. Portal Saúde Business. 14 de abril de 2020. Priscilla Bencke. Acesso em 28.05.2020.

Disponível em: http://www.fundacentro.gov.br/noticias/detalhe-da-noticia/2020/4/home-office-e-isolamento-social-requerem-cuidados-com-a-saude-mental. Laura Nogueira. Acesso em 28.05.2020.

Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2020/05/09/internas_economia,1145775/
saude-mental-dos-empregados-na-quarentena-preocupa-as-empresas.shtml. Saúde mental dos empregados na quarentena preocupa as empresas. Marcílio de Moraes. Postado em 09/05/2020. Acesso em 28.05.2020.

        

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