A ergonomia é um conjunto de procedimentos com o objetivo de auxiliar no bem-estar e na saúde dos colaboradores, sendo que estes podem ficar expostos a esforços físicos ou a movimentos repetitivos em sua rotina diária de trabalho. Mediante isto, a Norma NR 17, regulamenta sobre a Ergonomia, seus objetivos, avaliações dos locais de trabalho, campo de aplicação, entre outros, norteando as organizações a buscarem efetivamente maior qualidade de vida aos seus colaboradores.

Para realizar o levantamento e coleta das informações e condições do ambiente de trabalho da empresa, esta deverá contar com profissional qualificado ou empresa especializada em Medicina do Trabalho e/ou Técnico de Segurança do Trabalho, que apontarão as recomendações e adequações necessárias para cada ambiente.

José Sergio Alves, descreve que:

em uma situação ideal, a ergonomia dever ser aplicada desde as etapas iniciais do projeto de uma máquina, sistema, ambiente ou local de trabalho. Essas devem sempre incluir o ser humano como um de seus componentes. Assim, as características desse operador devem ser consideradas juntamente com as características ou restrições das partes mecânicas, sistêmicas ou ambientais, para se ajustarem mutuamente umas às outras.

Assim, o conceito de ergonomia é amplo e deverá ser aplicado em todos os setores, seja indústria, comércio, ou serviços, através da Análise Ergonômica do Trabalho – AET, o qual está prevista na Norma Regulamentadora NR 17 do Ministério do Trabalho e Emprego.

Conforme o site gov.br, a Norma Regulamentadora, NR 17, tem como objetivo “estabelecer as diretrizes e os requisitos que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar conforto, segurança, saúde e desempenho eficiente no trabalho”. Assim, as condições de trabalho incluem os aspectos de levantamento de pesos/cargas; transportes e descargas de materiais; móveis dispostos no local de trabalho e entre outros, que servirão para análise de cada posto de trabalho individual.

Conforme descreve José Sergio Alves, existem riscos ergonômicos mais comuns nas organizações, principalmente no ambiente industrial, dentre eles, pode-se citar:

  1. Trabalho repetitivo: é o principal fator de origem dos distúrbios dos membros superiores e as pesquisas indicam que os ciclos curtos se tornam um risco significativo quando, em decorrência deles, há acima de 6.000 repetições por turno de trabalho. O trabalho repetitivo é comum em fábricas com linha de produção.
  2. Levantamento e transporte manual de cargas (aproximadamente 25kg): o transporte de peso causa uma sobrecarga fisiológica nos músculos da coluna e membros inferiores. Esforços intensos feitos com os membros superiores são de alto potencial lesivo, sendo que as pausas ou rodízios compensatórios se tornam praticamente ineficazes. Esses riscos acometem trabalhadores da área de expedição, almoxarifados, carregadores de caminhão, entre outros.
  3. Esforço estático e postura estática (má postura): os trabalhadores assumem posturas inadequadas devido ao projeto deficiente das máquinas, equipamentos, postos de trabalhos, etc. As situações em que a má postura pode danificar o organismo são: trabalho parado (estático) por longo período de tempo; postura desfavorável como o tronco inclinado e torcido; pescoço excessivamente flexionado; braços elevados acima do nível dos ombros; braços ou antebraços suspensos. Essas situações podem acarretar falta de oxigenação nos tecidos, dor e tendência a lesões por acúmulo de ácido láctico nos tecidos.
  4. Fatores de organização do trabalho: as causas mais frequentes são: falta de mão de obra qualificada para realizar determinada tarefa; insuficiência de pessoal; urgências e emergências, retrabalho, etc. Isso gera sobrecarga no trabalho além do normal (hora extra) e esses fatores eliminam os tempos de recuperação da fadiga. Com isso, o trabalhador fica tenso, gerando dor muscular do pescoço aos ombros. Os riscos psicossociais são causados pela deficiência na gestão do trabalho, podendo ter efeitos negativos a nível psicológico, físico e social, tais como estresse relacionado ao trabalho, esgotamento e depressão.
  5. Fatores ambientais: uma fonte de tensão no trabalho são as condições ambientais desfavoráveis, como: excesso de calor, frio, ruídos, vibrações, etc., isso gera desconforto e aumentam os riscos de acidentes.

Assim, as organizações deverão realizar avaliações ergonômicas em cada posto de trabalho, a fim de identificar os possíveis riscos, bem como, apontar as ações de implementação preventivas ou corretivas. Estas ações a serem adotadas para amenizar os riscos, depende de cada setor e da atividade desenvolvida por ela, mediante aos riscos apontados na Análise Ergonômica. Por exemplo, para o seguimento produtivo (indústrias), pode-se citar algumas “dicas” de ações de melhorias, conforme descreve Mirlene Holanda:

  1. Proibir atividades ou movimentos que fazem o trabalhador ter que acessar o chão, curvando-se e elevando cargas. Sempre que possível elevar caixotes, caixas, paletes, entre outros, para a altura de 50cm do solo. Isso diminuirá a sobrecarga na coluna e evitará as dores lombares.
  2. Alternar as posturas de trabalho, ou seja, se o colaborador fica muito tempo em pé, disponibilizar cadeira para que ele se sente e possa realizar a atividade sentado; ou ao contrário, se ele trabalha somente sentado, incentivar que alterne para a postura em pé. A melhor postura é aquela que permite a flexibilização, esta ação diminui varizes, cansaço nos membros inferiores, lombalgias e dorsalgias.
  3. Diminuir alturas de prateleiras, maquinários ou outros locais em que o trabalhador necessite acessas peças ou ferramentas para realizar suas tarefas. Esse tipo de modificação evita danos acarretados aos membros superiores, principalmente nos ombros e braços, o que reflete em bursites e tendinites.

Já para os postos administrativos e escritórios, pode-se seguir algumas “dicas” de melhorias e que são de baixo investimento:

    1. Modificação na altura de monitores de computador com livros, revistas ou outros objetos, diminuindo assim, as causas de dores cervicais, de pescoço e dores na região dorsal da coluna.
    2. Melhora na iluminação ambiental com a simples mudança de posicionamento das lâmpadas, o que trará maior conforto visual e diminuirá as queixas visuais, bem como as enxaquecas.
    3. Reposicionar as mesas de trabalho de forma que fiquem dispostas ao lado das janelas. Isso evita reflexos e ofuscamento na tela do monitor permitindo melhor visualização e conforto.
    4. Alteração de cores nas paredes permite um ambiente mais reconfortante à visão e transmite menos claridade.

Através de pequenas ações e atitudes adotadas pela empresa, esta pode gerar grandes resultados, com redução significativa nos riscos potenciais para o problema de ergonomia.Thays M. Guedes Diogo descreve que, a gestão de ergonomia deve ser realizada pela empresa adotando pequenas ações diárias e envolvendo os diversos setores da organização, dentre eles a gestão de pessoas, o jurídico, o setor de segurança e medicina do trabalho e também o próprio colaborador, tendo como objetivo final a redução dos problemas identificados, a prevenção e a melhoria contínua dos processos, através da revisão e adequações sugeridas no cronograma de ações da AET. Nessa gestão em conjunto, pode-se destacar:

  1. Maior envolvimento do trabalhador nas ações ergonômicas: as oportunidades de mudança através de relatórios e sugestões do ponto de vista do trabalhador.
  2. Personalização dos problemas encontrados: os problemas são avaliados e mensurados de acordo com a prioridade estabelecida no Comitê de Ergonomia.
  3. Melhoria contínua: através da avaliação anual do cronograma de ações definidos na Análise Ergonômica do Trabalho (AET).
  4. Proteção jurídica: neutralização e minimização das demandas ergonômicas, através das ações do gerenciamento ergonômico, respaldando a empresa em casos de ações trabalhistas e fiscalizações do Ministério do Trabalho e Ministério Público do Trabalho.
  5. Levantamento de dados estatísticos: levantamento dos principais indicadores que geram o absenteísmo; dores, fadiga, stress e insatisfação do clima organizacional.

Portanto, para uma gestão ergonômica eficiente é necessário que “todos os envolvidos” no processo estejam realmente capacitados e engajados com este projeto, pois o mesmo é capaz de otimizar os resultados da empresa atingindo diretamente o desempenho diário dos colaboradores, resultado assim, na qualidade do produto final, nos resultados e no bem estar coletivo.

REFERÊNCIAS:

Disponível em: https://www.sesi-ce.org.br/blog/principais-riscos-ergonomicos-encontrados-nas-empresas/  Principais riscos ergonômicos encontrados nas empresas. Autor: José Sergio Alves. Engenheiro de Produção com habilitação em Engenharia Mecânica pela Universidade Regional do Cariri – URCA e especialista em Segurança do Trabalho pelo Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. Atualmente é Engenheiro de Segurança do Trabalho do SESI Ceará, na unidade de Juazeiro do Norte. Acesso realizado em 23.02.2022.

        

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