A crise econômica provocada pela pandemia de coronavírus pode deixar como legado a desocupação de uma área relevante nos edifícios corporativos das cidades grandes. E há dois fatores para isso, de acordo com avaliação da consultoria imobiliária Newmark Knight Frank.

Um deles é a expectativa de uma onda de demissões nas empresas ao longo dos próximos meses, reduzindo os postos de trabalho nos escritórios. “Se a duração da crise se prolongar, haverá um impacto negativo na demanda por imóveis comerciais, o que pode gerar a devolução de muitas áreas”, observa a presidente da consultoria, Marina Cury.

O risco de perda de inquilinos é maior para os edifícios de ‘classe B’, onde funcionam empresas de pequeno e médio porte, que têm menos fôlego financeiro para atravessar a crise. Já nos prédios de “classe A” ou “AAA”, endereço de multinacionais e companhias de grande porte, a revisão nos contratos de locação deve ser mais branda.

O segundo fator é a popularização do home office. Esta modalidade de trabalho era pouco comum antes da pandemia, mas ganhou espaço desde que o novo coronavírus se disseminou pelo País, em meados de março. “O home office já existia, mas era tímido. Cerca de 70% das empresas liberavam o home office para alguns cargos ou apenas um dia por semana. Agora vão repensar essa prática para mais cargos ou mais dias”, comenta a executiva.

A consequência será a redução no fluxo de pessoas nos escritórios e o potencial encolhimento na demanda por espaços nos prédios empresariais, estima Cury.
Tal mudança no expediente pode servir também como estratégia para reduzir despesas fixas, como o aluguel do imóvel. Nos endereços mais nobres de São Paulo, como a Avenida Brigadeiro Faria Lima, por exemplo, a locação de um prédio de primeira classe não sai por menos do que R$ 150 por metro quadrado.

A perspectiva de mudança de comportamento, entretanto, ainda é uma “incógnita”, pondera a presidente da consultoria. Ela observa que a pandemia também tende a gerar um espaçamento maior entre as estações de trabalho no escritório para que os funcionários não se aglomerem. “Acredito que teremos menos adensamento nos escritórios porque as pessoas não vão ficar tão perto uma das outras”, estima. Se isso se confirmar, a demanda por espaço vai crescer, não diminuir, avalia.

Balanço

O surto de coronavírus interrompeu um ciclo de recuperação do mercado de prédios corporativos, que vinha aumentando a ocupação dos imóveis e os valores de locação, abalados pela crise anterior iniciada em 2014. “O mercado vinha numa tendência de alta”, afirma Marina Cury. “Era um ambiente favorável aos proprietários, mas agora os inquilinos estão repensando a ocupação”, complementa.

Ela conta que a chegada da pandemia em março detonou uma onda de renegociações de contratos de locação, o que deve se concretizar nos próximos meses. Já o balanço do começo do ano mostrou um mercado ainda aquecido, segundo dados da Newmark Knight Frank.

No primeiro trimestre de 2020, foram alugados 66,7 mil m2 nos prédios de alto padrão na capital paulista, enquanto 20,9 mil m2 foram devolvidos. Isso gerou um saldo positivo de locações (chamado pelo jargão de “absorção líquida”) de 45,8 mil m2, o equivalente a 22% do total de 2019 – indicando que a demanda permanecia saudável.

Com isso, a desocupação dos edifícios caiu de 21,5% no início de 2019 para 15% no início de 2020. Já nas regiões mais valorizadas, como Faria Lima, Paulista, Itaim e Vila Olímpia, a desocupação atingiu apenas 7,3%.

Fonte: Estadão, 29.04.2020

        

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