Marlene Zanghelini Altini [1]

RESUMO:

Atualmente, o Demonstrativo do Fluxo de caixa está sendo exigido somente para algumas empresas, não impedindo que outras empresas tenham esta demonstração sempre atualizada, já que ela relata onde está sendo empregado o dinheiro da empresa, e de onde está vindo seus recursos, se são provenientes da própria operação da empresa, ou se está sendo captado de terceiros. A Demonstração do Fluxo de Caixa permite a empresa mais do que isto, ela auxilia nas suas tomadas de decisões, pois a partir do levantamento de dados é necessário realizar diversas análises e programar melhor o presente ou o futuro da empresa. Portanto, este artigo tem a finalidade de abranger alguns tópicos ao tema escolhido, mostrando alguns conceitos relevantes.

Palavras ? chaves: Demonstrativo do Fluxo de Caixa. Empresas. Tomada de Decisão.

1 INTRODUÇÃO

Com a Lei 11.638/07, a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) tornou-se obrigatório para as companhias de capital aberto ou empresas com o patrimônio líquido superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).  O Fluxo de Caixa auxilia as empresas nas suas tomadas de decisões, de uma vez que apresenta todas as entradas e saídas de dinheiro do caixa, identificando assim, onde estão sendo aplicados os recursos obtidos pela empresa.

Assim, de acordo com o Portal de Contabilidade (2011), a Demonstração do Fluxo de Caixa é realizada de forma condensada, indicando toda a origem do dinheiro que entrou no caixa da empresa em determinado período e, ainda, o Resultado do Fluxo Financeiro. Assim como a Demonstração de Resultados de Exercícios, a DFC é uma demonstração dinâmica e também está contida no balanço patrimonial.

Desta forma, este artigo busca apresentar as principais características desta importante ferramenta, apresentando aspectos relevantes para maior conhecimento do tema abordado.

 

2. FINALIDADE DO FLUXO DE CAIXA

As informações do Demonstrativo do Fluxo de Caixa, conforme Iudícibus, Martins e Gelbcke (2003), quando analisadas em conjunto com outras demonstrações financeiras, permitem que investidores, credores e outros usuários avaliem alguns pontos importantes, podendo-se destacar:

  • A capacidade da empresa de gerar futuros fluxos líquidos positivos de caixa;
  • A capacidade da empresa de honrar seus compromissos, pagar os dividendos e retornar empréstimos obtidos;
  • A Liquidez, solvência e flexibilidade financeira da empresa;
  • A taxa de conversão de lucro em caixa;
  • Os efeitos, sobre a posição financeira da empresa, das transações de investimento e de financiamento, entre outros.

Porém, para o cumprimento de sua finalidade, o modelo do Demonstrativo do Fluxo de Caixa adotado deve atender aos seguintes requisitos (IUDÍCIBUS, MARTINS E GELBCKE, 2003 P. 398-399):

  • Evidenciar o efeito periódico das transações de caixa segregadas por atividades operacionais, atividades de investimento e atividades de financiamento, nesta ordem;
  • Evidenciar separadamente, em Notas Explicativas que façam referência à DFC, as transações de investimento e financiamento que afetam a posição patrimonial da empresa, mas não impactam diretamente os fluxos de caixa no período;
  • Reconciliar o resultado líquido (lucro/prejuízo) com o caixa líquido gerado ou consumido nas atividades operacionais.

Assim, observa-se que o Fluxo de Caixa é um componente indispensável na vida das empresas, servindo de modo geral como planejamento e controle financeiro, apresentando-se como um importante demonstrativo na gestão empresarial, auxiliando as empresas em suas tomadas de decisões.

 

3 DEMONSTRATIVO DO FLUXO DE CAIXA – DFC

O Fluxo de Caixa é evidenciado através da Demonstração do Fluxo de Caixa, sendo uma ferramenta importante para as empresas, de forma que evidencia não somente as entradas e saídas de dinheiro no caixa ou nos bancos, mas também todas as modificações ocorridas nas disponibilidades da empresa, conhecidas também como os equivalentes de caixa.

Os equivalentes de caixa, conforme descreve Iudícibus, Martins e Gelbcke (2003), são os investimentos com rápida liquidez, que são prontamente conversíveis em uma quantidade de dinheiro e que não apresentam grandes riscos de alterações de valores. Considera-se que apenas os investimentos resgatáveis em até três meses em relação a sua aquisição enquadram-se na definição de equivalência de caixa.

Conforme relata Oliveira (2011), na contabilidade os resultados são calculados pelo regime de competência, ou seja, as receitas e despesas são lançadas porque já ocorreu o fato gerador, independente de seu pagamento ou recebimento. Já pelo regime de caixa, conhecido como resultado financeiro é tudo o que a empresa efetivamente pagou ou recebeu em determinado período.

Quando apura-se os resultados da empresa pelo regime de caixa e compara-se com o regime de competência, verifica-se que os resultados são diferentes, podendo a empresa gerar lucro econômico pelo regime de competência, e prejuízo financeiro pelo fluxo de caixa, isto em função das formas de apurações serem distintas.

Assim, a apuração pelo regime de caixa supri as necessidades de informações gerenciais, de uma vez que pelo regime de competência atende as exigências fiscais.

 

3.1 CLASSIFICAÇÃO DAS MOVIMENTAÇÕES DE CAIXA POR ATIVIDADE

 

A Demonstração do Fluxo de Caixa, segundo a Lei 11.638/07, indicará no mínimo as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa, separando estas alterações em três fluxos no mínimo, sendo eles: operacionais; investimentos e financiamentos.

 

3.1.1 Atividades Operacionais

 

Conforme Iudícibus, Martins e Gelbcke (2003), as atividades operacionais envolvem todas as atividades de produção e entrega de bens e serviços e os eventos que não sejam definidos como atividades de investimentos e financiamentos. Relacionam-se normalmente com as transações que aparecem na Demonstração de Resultados do Exercício.

Assim, Iudícibus, Martins e Gelbcke (2003, p. 399-400), relacionam o que consideram entradas e saídas nas atividades operacionais:

 

Entradas:

a)             Recebimentos pela venda de produtos e serviços a vista, ou das duplicatas correspondentes no caso de vendas a prazo. Incluem também os recebimentos decorrentes dos descontos das duplicatas emitidas contra as vendas a prazo efetuadas, de curto ou longo prazo, em bancos;

b)             Recebimento de juros sobre empréstimos concedidos e sobre aplicações financeiras em outras entidades;

c)             Recebimento de dividendos pela participação no patrimônio de outras empresas;

d)             Qualquer outro recebimento que não se origine de transações definidas como atividades de investimento ou financiamento, como: recebimentos decorrentes de sentenças judiciais; indenizações por sinistros, exceto aquelas diretamente relacionadas a atividades de investimento ou financiamento, como o sinistro em uma edificação, por exemplo; e reembolso de fornecedores.

Saídas:

a)             Pagamentos a fornecedores referentes ao suprimento da matéria-prima para a produção ou de bens para revenda. Se compra a prazo, pagamento do principal dos títulos de curto ou longo prazos a que se refere à compra;

b)             Pagamentos aos fornecedores de outros insumos de produção, incluídos os serviços prestados por terceiros;

c)             Pagamentos aos governos federal, estadual e municipal, referentes a impostos, multas, alfândega e outros tributos e taxas;

d)             Pagamento dos juros (despesas financeiras) dos financiamentos (comerciais e bancários) obtidos.

 

Assim, fica mais claro os pontos a serem observados tanto quanto a entrada como saída das atividades operacionais.

 

3.1.2 Atividades de Investimento

 

De acordo com Iudícibus, Martins e Gelbcke (2003), normalmente as atividades de investimento, relacionam-se com o aumento ou diminuição dos ativos de longo prazo que a empresa utiliza para produzir seus bens e serviços. Incluem assim, as concessões e recebimentos de empréstimos, a aquisição e venda de instrumentos financeiros e patrimoniais de outras empresas e a aquisição e alienação do imobilizado.

Iudícibus, Martins e Gelbcke (2003, p. 400-401), descrevem também o que consideram como entradas e saídas nas atividades de investimentos:

Entradas:

a)                 Recebimento do principal dos empréstimos concedidos ou da venda desses ativos a outras entidades, exceto ativos financeiros classificados como equivalentes de caixa;

b)                 Recebimento pela venda de títulos de investimento a outras entidades;

c)                 Recebimento pela venda de participações em outras empresas;

d)                 Recebimento pelo resgate de participações pelas entidades investidas;

e)                 Venda de imobilizado e de outros ativos fixos utilizados na produção.

Saídas:

a)                 Desembolso dos empréstimos concedidos pela empresa e pagamento pela aquisição de títulos de investimento de outras entidades;

b)                 Pagamento pela aquisição de títulos patrimoniais de outras entidades;

c)                 Pagamento, no momento da compra ou em data próxima a esta, de terreno, edificações, equipamentos ou outros ativos fixos utilizados na produção.

 

3.1.3 Atividades de Financiamento

 

Relacionam-se com os empréstimos de credores e investidores as empresas. Incluem a obtenção de recursos dos donos e o pagamento a estes de retornos sobre seus investimentos ou do próprio reembolso do investimento; incluem também a obtenção de empréstimos junto a credores e a amortização ou liquidação destes; e também a obtenção e pagamento de recursos a credores via créditos de longo prazo ((IUDÍCIBUS, MARTINS E GELBCKE, 2003).

Os autores relatam ainda alguns tópicos do que consideram entradas e saídas nas atividades de financiamento:

Entradas:

a)                 Venda de ações emitidas;

b)                 Empréstimo obtido no mercado via emissão de letras hipotecárias, notas promissórias, títulos de dívida ou outros instrumentos, de curto ou longo prazo;

c)                 Recebimento de contribuições, de caráter permanente ou temporário, que, por expressa determinação dos doadores, tem a finalidade estrita de adquirir, construir ou expandir a planta instalada, incluindo equipamentos ou outros ativos de longa duração necessários à produção.

Saídas:

a)                 Pagamento de dividendos ou outras distribuições aos donos, incluindo o resgate de ações da própria empresa;

b)                 Pagamento dos empréstimos obtidos (exceto juros);

c)                 Pagamentos do principal referente a imobilizado adquirido a prazo.

 

4 MÉTODOS DE ELABORAÇÃO DO DEMONSTRATIVO DO FLUXO DE CAIXA

 

De acordo com Iudícibus, Martins e Gelbcke (2003) as movimentações das disponibilidades de uma empresa em determinado período, deve ser estruturado no Demonstrativo de Fluxo de Caixa, onde busca-se identificar todas as entradas e saídas de dinheiro, relacionadas com as atividades operacionais, de investimento, e de financiamento. A soma dos resultados líquidos destas atividades totaliza a variação no caixa do período, que deverá ser conciliado com a diferença entre os saldos respectivos das disponibilidades, constantes no Balanço Patrimonial, entre o início e o final do período que está sendo considerado.

Porém, para a empresa divulgar o fluxo de caixa originário das atividades operacionais, é indicado, conforme Iudícibus, Martins e Gelbcke (2003), que utilizem o método direto, já que parte do recebimento das vendas, e o método indireto parte do Lucro Líquido.

 

4.1 MÉTODO DIRETO

 

Iudícibus, Martins e Gelbcke (2003), descrevem que o método direto mostra as entradas e saídas brutas de dinheiro dos principais componentes das atividades operacionais, como os recebimentos pelas vendas dos produtos e serviços e os pagamentos a fornecedores e empregados. O saldo final das operações mostra o volume líquido de caixa provido ou consumido pelas operações durante determinado período.

As empresas, ao utilizarem o método direto, devem detalhar os fluxos das operações, no mínimo, nas classes seguintes:

  • Recebimentos de clientes, incluindo os recebimentos de arrendatários, concessionários e similares;
  • Recebimentos de juros e dividendos;
  • Outros recebimentos das operações, quando houver;
  • Pagamentos a empregados e a fornecedores de produtos e serviços, incluindo segurança, propaganda, publicidade e similares;
  • Juros pagos;
  • Impostos;
  • Outros pagamentos das operações, quando houver.

Os autores ainda descrevem que fica a critério das empresas de adicionarem outras informações que considerarem importante ao evidenciar o fluxo de caixa das operações.

 

4.1 MÉTODO INDIRETO

 

O método indireto faz a conciliação entre o lucro líquido e o caixa gerado pelas operações da empresa, por isto é conhecido também como método de reconciliação.

No método indireto é necessário algumas observações, conforme descrevem Iudícibus, Martins e Gelbcke (2003),

  • Remover do lucro líquido os diferimentos de transações que foram caixa no passado, como gastos antecipados, crédito tributário, etc., e todas as alocações no resultado de eventos que podem ser caixa no futuro, como as alterações nos saldos das contas a receber e a pagar no período;
  • Remover do lucro líquido as alocações ao período do consumo de ativos de longo prazo e aqueles itens cujos efeitos no caixa sejam classificados como atividades de investimento ou financiamento: depreciações, amortização; ganhos e perdas na venda do imobilizado.

Portanto, se a empresa optar por utilizar o método direto ou indireto para apurar o fluxo de caixa, é necessário evidenciar a opção escolhida nas Notas Explicativas, evidenciando e explicando a opção.

 

5 CONCLUSÃO

 

Este artigo buscou apresentar de forma breve algumas características da Demonstração do Fluxo de Caixa, mostrando alguns pontos importantes desta ferramenta indispensável nas empresa.

Portanto, esta demonstração além de relatar a real situação da empresa, também auxilia seus gestores nas tomadas de decisões, de uma vez que relata todas as operações da empresa, todas as entradas e saídas de dinheiro da empresa em determinado período, e que muitas vezes não percebe-se que fatos pequenos acabam interferindo no resultado final.

 

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Disponível em :    http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/ademonstracao

dosfluxos.htm.  Acesso em 30 de mar. 2011.

Disponível em :    http://www.administracaovirtual.com/financas/downloads/apostilas/2/Fluxo_Caixa_Parte_1.pdf . Luciano Oliveira (www.editoraferreira.com.br). Acesso em 30 de mar. 2011.

 

Disponível em: www.adinoel.com/resumos/contabilidade/contabilidade-025.doc. Adinoél Sebastião. Acesso em 30 de mar. 2011.

 

IUDÍCIBUS, Sérgio. MARTINS, Eliseu. GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações (aplicável às demais sociedades). 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003.



[1] Bacharel em Ciência Contábeis e estudante de Pós Graduação do Curso de Gestão Financeira e de Custos do ICPG e integrante da equipe  Piazera, Hertel, Manske & Pacher Advogados Associados.

E-mail: financeiro@phmp.com.br

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