Ser feliz no trabalho não é fazer o que se ama ou ganhar bem. Pode passar por aí, mas a ideia de felicidade corporativa vem ganhando contornos mais coletivos, e grandes empresas estão assumindo parte da responsabilidade sobre o bem-estar de seus funcionários para além da compensação financeira e dos benefícios.

A nova ideia de felicidade tem a ver com ambiente de segurança emocional e psicológica e bons relacionamentos – além de esquemas de trabalho menos opressores. “As pessoas estão pressionadas pelo volume de trabalho, pela readaptação, pelas incertezas. Se a empresa apenas abrir espaço de conversa para que as pessoas sintam que estão apoiadas, já faz uma grande diferença”, diz Gustavo Arns, idealizador do Congresso Internacional de Felicidade, um dos maiores eventos sobre o tema no país, e professor da pós-graduação em Psicologia Positiva da PUC-RS.

O movimento de busca de mais felicidade nas empresas é uma aposta para evitar afastamentos, reduzir turnover e manter a produtividade e o clima. “Falar de felicidade, para nós, é falar de relações saudáveis”, diz Dani Plesnik, diretora de talentos e cultura da consultoria de gestão Deloitte, que tem sete mil funcionários no Brasil. Em 2021, a Deloitte começou um programa para promover bem-estar e melhores relações entre os funcionários.

A consultoria é uma das grandes empresas nacionais que está implementando programas de felicidade corporativa, o que passa por sensibilizar quem está no topo da empresa, em primeiro lugar, o que casa com a ideia de liderança humanizada em alta nos dias de hoje. “Os líderes precisam assumir para o time que não são pessoas inabaláveis, que têm problemas como qualquer outro funcionário, o que abre espaço para que os outros também possam ser assim”, diz Dani.

Felicidade no trabalho está conquistando líderes.

O tema da saúde mental entrou para as agendas de executivos e empresários por conta do quadro preocupante que está, muitas vezes, ligado ao excesso de trabalho e a ambientes tóxicos. Com o aumento de afastamentos por questões psiquiátricas – que explodiram durante a pandemia – lideranças vêm levando o tema com mais seriedade e tomando atitudes para promover a felicidade no mundo corporativo. “Se deixarmos só para a pessoa cuidar da sua própria felicidade, o teto é muito baixo porque o trabalho e suas relações ocupam uma parte grande do tempo de cada um”, diz Arns.

O administrador Vinicius Kitahara, fundador da consultoria Vinning e especialista em felicidade no trabalho, ajudou a estruturar o programa que hoje roda na Deloitte e usou sua expertise no tema em consultorias para a Suzano, na Renner, BV e Google, para citar alguns clientes. “As companhias não podem ficar perdendo gente pois recontratar é muito caro. E pior, se ex-funcionários saírem falando mal, como fica a marca da empresa no mercado?”, diz Kitahara sobre alguns dos receios que levam CEOs e diretores de pessoas a contratar seus serviços.

No BV, antigo Banco Votorantim, que tem um programa de felicidade desde 2017, com a promoção de “oficinas de felicidade” e outras ações em torno do tema, o engajamento da equipe saiu de 70% para 90%. Esse tipo de transformação só acontece quando quem ocupa o topo da empresa abraça a causa. “Meu trabalho não é convencer, mas encontrar os executivos que queiram levar a ideia de felicidade corporativa para dentro da empresa”, diz Kitahara.

Na Suzano, o consultor foi chamado por uma secretária que havia visto um post seu no LinkedIn. Conseguiu uma reunião de 20 minutos com Leonardo Grimaldi, diretor executivo de gente na empresa de celulose. A reunião durou uma hora e Kitahara saiu da sala com reuniões semanais agendadas com para tratar do tema felicidade. O trabalho logo se estendeu para o restante da diretoria. “Dos 10 diretores, 9 toparam logo de cara fazer esse trabalho individual, que depois foi ampliado para a empresa toda”, diz. A Suzano tem 17 mil funcionários.

Saúde mental causa perdas de R$ 5 trilhões.

O movimento deve contribuir para evitar afastamentos, reduzir turnover e manter produtividade e clima. Em janeiro deste ano, a OMS (Organização Mundial da Saúde) definiu o burnout como uma doença ocupacional frente ao aumento de casos durante a pandemia. No Brasil, dados de 2019 já mostravam que 32% da população economicamente ativa sofria com o problema, segundo o ISMA-Br (International Stress Management Association).

Um estudo da consultoria de gestão de pessoas Mindsight com 1.600 profissionais mostrou que 9 entre 10 brasileiros acreditam que a síndrome de burnout está diretamente relacionada a modelos de liderança que não se preocupam com a sobrecarga de tarefas ou com seus funcionários. “Cuidar dos funcionários é a única forma sustentável

de manter a inovação, a colaboração e aumentar engajamento”, diz Renata Rivetti, diretora da consultoria Reconnect, e uma das principais certificadoras no Brasil para CHOs, ou Chief Happiness Officer. A empresa já formou 250 executivos.

Tudo o que Rivetti diz está ligado ao lucro e aos resultados das companhias. Estima-se que os problemas de saúde mental retirem US$ 1 trilhão (R$ 5,17 trilhões) da economia mundial a cada ano. Antes que a situação chegue a esse extremo e que as relações disfuncionais ou a pressão no trabalho se transformem em doença, algumas empresas resolveram intervir.

Veja aqui alguns pontos importantes para empresas que querem ter funcionários mais saudáveis:

      • Promover relações saudáveis. 

Estimular trocas que vão além do trabalho, como participação em programas de voluntariado ou em eventos de bem-estar ajuda os funcionários a se conhecerem melhor para além de suas funções na empresa.

      • Abrir espaço para conversas.

Criar momentos em que não se fala de trabalho, mas da vida, família, visões e do cotidiano de cada um ajuda a estabelecer relações mais profundas. Algumas empresas criaram rodas para que cada funcionário contasse aos colegas um pouco sobre sua vida. “Quando eu sei mais sobre o outro, posso me aproximar e encontrar algo em comum. Daí podem nascer amizades que melhoram muito o bem-estar”, diz Kitahara.

      • Ouvir antes de cobrar.

Antes de apontar os erros ou cobrar funcionários por problemas recorrentes, é importante que os chefes saibam como está a vida pessoal dos membros da sua equipe. “Se um funcionário está com problemas para entregar o que precisa, a orientação é entender o que pode estar acontecendo fora do trabalho que está gerando o problema”, diz Dani Plesnik.

      • Dar lugar à autenticidade.

Ser uma pessoa no trabalho e outra fora dele é um dos causadores de stress. A ideia nas empresas que investem em felicidade é ter funcionários mais integrais e com espaço para serem autênticos. Nesses ambientes, falar sobre família ou não seguir um dress code restrito são atitudes encorajadas.

Fonte: Forbes

Referência: https://www.rhnoticias.com.br/empresas-investem-em-felicidade-corporativa-para-reduzir-turnover. Publicado por Redação em Gestão do RH – 27/09/2022.

        

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